terça-feira, 20 de agosto de 2013

Véi... na boa!


Na boa véi…! Hoje acordei assim… querendo dar ordem ao caos interno que me acompanha desde que me aboletei em um ônibus aos prantos. Pranto que deixei fluir livremente tão logo embarquei e que seguiu ao embarcar novamente em uma poltrona qualquer de um Embraer da vida para fazer o caminho de volta!
Desde então não quero fazer nada, não quero pensar em nada, nada exceto aquilo que é obrigatório e automático, nada que não seja o que tenho que fazer agora, ainda assim, de forma muito forçada... e olhe la.  O cérebro está se recusando a pensar até nisso. 
Tento ler o Thomas Kuhn com sua Estrutura das Revoluções Científicas, não consigo fluir  estou sem estruturas para as revoluções – só me ocorrem os paradigmas ou a mudança deles. Leio um parágrafo e minha mente viaja, sente falta da leitura compartilhada, não vai fluir.... paro! 
Pego então o Chutando  a Escada do Ha-Joon Chang e não vai também...  fico grilada, me pergunto cadê a p... da concentração??? Afinal, sou sempre tão focada...... daí acabo chutando a escada!
Hoje acordei assim…querendo definir com palavras o que acontece comigo…, tipo assim, querendo dar nome aos bois... rsss....!
Olho para o reflexo de mim no espelho e vejo uma bela mulher. Elegante …sim, elegante!
A saia xadrez de lãzinha imprime um ar escocês ao visual,  já a camisa branca  de seda combinada com o colete de veludo preto remetem a Londres, bem estilo Europa, bem eu... em outro mundo! O novo corte de cabelo me caiu bem ... dá um certo ar de jovialidade, meninice talvez? 
Olhe para aquelas meninas ali e olhe pra você! ( me lembro).  Você parece mais menina do que elas, tem uma jovialidade no seu olhar, no seu jeito. Você tem cara de menina Chpz... opsss... esse caminho NÃO! 
Volto para o espelho e penso... O que vai aqui dentro…só eu sei! Tento fazer o que venho fazendo ao longo desses quase dois meses – não pensar em nada complexo!
Evito lembranças! Quero ler não consigo, não consigo escrever, estudar não consigo, concentrar? Impossível. 
Com a chave na mão quero abrir a porta, não existe porta... vou morrer no mar, mas o mar secou quero ir para... S.., ops, para Minas, mas Minas não há  José e agora???
Não quero isso, evito aquilo. Queria ficar na cama... encolhida, protegida entre as cobertas, cobrir a cabeça e ficar ali, bem quietinha, dormir me parece a solução mais apropriada... ir para o mundo dos sonhos! 
Resumo, não quero pensar, acho que é um processo de fuga. Então,  conduzo meus pensares para coisas pequenas, por exemplo o ato de pintar os lábios.  Um ritual feito com cuidado. Enquanto contorno os lábios com um lápis de boca penso : -- Gosto desse lápis, deixa meus lábios bem contornados, que pena ele está acabando, poderia ter trazido uns par deles da Itália. Por que será que só trouxe um????
Veja você,  se isso é coisa com a qual eu me importaria em outra circunstância? Claro que não, afinal, aqui existem lápis tão bons quanto…mas não, não quero deixar as lembranças fluirem !
A razão me chama à razão. Não vai  ter  jeito hoje vou ter que pensar em algo…meu “razonador practico y logico*”  quer definir com palavras o estado em que me encontro. Um pouco de inquietude, não é só isso... caixa do vazio??? Um pouco mais, um muito mais, algo mais do que isso.... O quê então Chpz??? O quê??? Opsss... falei Chpz de novo??? Vixi, a coisa é grave!
De repente surge uma palavrinha. Letargia… sim é isso… letargia ou talvez um estado de incubação...talvez!!!!!!!! Algo fervilhando dentro de mim que me coloca em um estado de não querer… Não quero nada, nada!
Véi na boa, demorou! Demorou quase dois meses para eu entender que estado é esse, quase dois meses e de repente, não dá pra segurar, as memórias começam a brotar num vai e volta…looping... montanha russa, movimentos alucinantes, sobre e desce, segura e solta, abre e fecha...decididamente a coisa vai fluir!
Então me ocorre que, diferente de uma outra vez em que as horas se encolheram, os dias foram reduzidos a nada, a passagem foi antecipada a contragosto, e eu, me vi embarcada praticamente a força, de surpresa,  dessa vez não, dessa vez perdeu-se a hora e quase que não embarco! Eu também não queria achar a hora… ficaria de bom grado!  Trocou-se os óculos de longe pelos de perto, será porque só queria me ver perto? Eu também queria ficar, estar perto. E a cabeça roda... e as lembranças fluem!
– Gostei da minha garrafa de lobo! Eu também seu Lobo... não falei, não comentei, mas  ouvi todas as vezes que você falou da sua garrafa de lobo, seu Lobo! Também gostei...!
Nesse ponto, a razão entra em cena de novo. Meu lado racional e lógico diante desses pensares, quer me situar, quer me enquadrar, tenta me colocar frente a frente a um espelho enorme, com lentes de aumento, mostrando sem nenhum floreio coisas lógicas, controversas às coisas do coração! Me joga coisas na cara sem dó nem piedade, me corta por dentro com a precisão cirúrgica de um bisturi a laser. 
E o coração então grita... 
Agora não, agora não razão.  Sei de tudo o que você quer me mostrar “ razonador lógico”, conheço bem esse seu lado detonador de sentires,  mas agora não... é de manhã, me poupe, por favor, me poupe agora!
Preciso ir … tenho que trabalhar, vamos? Convoco todos…
Pernas?
Elas respondem meio que rebeldes: -- Estamos aqui…temos que ir? Sim,  eu digo, temos….!
Braços?-- Presente, se as pernas me levam, tenho que ir !
Bunda?--  Presente, vou aonde tudo mundo for!
Peitos?--  Aqui, se formos, chego à frente! 
Olhos?-- Hunhun… sou seu guia!
Razão? -- A postos, lógico!
Alma? –   Essa não responde  e sei que não adiantará insistir...  Finge não estar,  se diz ausente! Tudo bem!
Coração?............... Coração????..........(silêncio sepulcral)…. Coraçããooo! …. Nada!
Ihhhhhhhhhh Já sei, de novo… ausente também, esse realmente não está aqui……. Não voltou, não quer ir !!!!!!!!!!!!! Não vai……..
Véi, na boa... acho que estou em estado de Chpzice... tipo assim, frio na barriga, sensação de que alguém está pensando na gente... estado de paixonite...? 
Véi, na boa… nem sei o que falar!

 Sim... é isso, sinto, confesso!

* raciocinio prático e lógico

domingo, 11 de agosto de 2013

Falta dedo, faltam asas!




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Como uma criança aprendendo a contar,  começo a contar nos dedos os dias que passaram, e de repente percebo que os dedos que tenho não bastam para contar o tempo… foram trinta dias, falo pra mim mesma, trinta dias hoje!   
De repente percebo que os dias foram poucos para viver a experiência, as palavras não bastam para expressar o sentimento,  as noites não bastam para sonhar os sonhos, as lágrimas não bastam para acabar com a tristeza…  e o pensamento não basta para voar…
Só então me dou conta que faltam dedos pra contar os dias, faltaram dias para contar os sentires, faltou tempo para apresentar as  palavras, faltaram palavras para contar os pensares…
Só então me dou conta que os sonhos transcendem as noites, as lágrimas abundam tentando vencer a tristeza… e faltam asas para voar na velocidade do pensamento!!!
Faltam dedos para contar os dias… faltam asas para voar!
O que falta em tudo, sobra em AMOR!