quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Lilith, Eva e Eu: expulsas do paraíso


Hoje (14/02/2017) é um muito dia especial, dia de gratidão, dia em que oficialmente, entregando a versão corrigida da minha tese, encerro mais um ciclo da minha vida e posso, quando se fizer necessário, assumir o título de Doutora. Posso dizer, sem medo de errar que este foi um ciclo de aprendizados mais do que acadêmicos, aprendizados de vida... de convivência, de segurar sentimentos. De entender que na vida há tempos de abraçar, e de deixar de abraçar... e, neste caso, com muito pesar, foi o tempo de deixar de abraçar, de segurar a expressão dos sentires, adiando-os para contar em momentos que não aconteceram. Momentos de deixar de dizer coisas em detrimento de uma tese, em detrimento de um propósito. Enfim, foi... sou Doutora em VIDA!
E então, que sentimento estranho é este que me faz suspirar fundo desde o despertar deste dia, que começou com dúvidas e teve um final feliz?
Entro no ônibus para percorrer o caminho de volta, sento no lugar de sempre – poltrona 8 – minha preferida, me acomodo, fecho os olhos e penso: Agora quero descansar!
Ledo engano... ao fechar os olhos, algo acontece... um flash repentino e vêm tudo à mente! Ônibus, rodoviárias, pessoas, pessoa, longa distância, cansaço... palavras, embora, embora... lágrimas, lágrimas, dor, sensação de ausência de mim! 
Com estas lembranças, as lágrimas caem, desta vez de mansinho, consciente, leve, esclarecendo a sensação estranha cravada na alma, que trouxe os suspiros ao longo do dia. Então foi isto...nem a alma, nem o coração deixaram passar batido, trazendo à memória, a lembrança de que hoje completam sete anos que fui expulsa do paraíso.
Não, eu não sou a Eva, mas ela é minha ancestral e, talvez, eu tenha cometido o mesmo pecado que ela provando o fruto proibido, o fruto da árvore do conhecimento,
Não, também não sou a Lilith, mas devo ter algum vínculo de ancestralidade com ela também, trazendo em mim um pouco do “espirito do vento”, espírito corajoso e destemido (só que não) que se abalou, com a cara e a coragem para o seu suposto Jardim do Éden, sem sequer imaginar que corria o risco de ter que deixá-lo às pressas, não espontaneamente como fez Lilith mas sim por vontade do seu senhor! Seja como for, assim como elas num certo domingo de carnaval, há sete anos, tive que, forçosamente me retirar do paraíso.
Sete anos, mais um ciclo que se completa, um pedaço de VIDA!  
Um ciclo de aprendizados extensos e profundos, de muitas reflexões, de tomada de consciência de muitas coisas, uma tese de vida, que pode significar um encontro renovado, desta vez, no eixo do amor de verdade, numa base mais madura e consciente.
Embora este evento já não me machuque mais, algo dentro de mim fez questão de trazer esta memória à luz, e, se assim foi, isto tem o seu papel no fechamento destes ciclos. A vida é feita de ciclos, de superação, recomeços, reencontros, renovação e eu, começaria tudo outra vez, se possível fosse, mas isto hoje, está entregue ao universo, Seja feita a sua vontade! Seja como tem de ser.
Aceito e agradeço com serenidade esta lembrança, afinal, é real, aconteceu, faz parte da minha vida, da minha história.
Aceito e agradeço com serenidade o que tiver de ser!

Gratidão, gratidão, gratidão!