quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Oi Agosto, seja bem vindo!




Me dei conta de que hoje, quinta-feira, é primeiro de agosto de 2019.
Então ele chegou! Agosto chegou, e, estou certa de que vou agostar, por que assim escolhi!
Resolvi receber agosto como merecemos! Assumi, ainda que por algumas poucas horas, se tanto, minha cozinha!
Coloco uma bela talagada de vinho tinto português em uma taça, e, enquanto beberico, preparo algumas brusquetas - 4 fatias de pão italiano, lascas de queijo parmesão capa preta, fatias de presunto tipo parma cobertos com tomatinhos cereja, manjericão, uma pitada de orégano e azeite! Eu mereço... terá sobremesa, com certeza (sorvete de passas ao rum)... e só para mim, por que sim... por que  eu mereço, porque agosto chegou ,vou agostar!
Bebericando meu vinho, petiscando minhas brusquetas, deixo o pensamento viajar  a gosto de agosto, penso que escolhi recebê-lo e apreciá-lo com o melhor de mim, com o meu melhor look, aquele que não se vê a olhos nus, aquele que é visível somente àqueles que conseguem ler uma alma!
Afinal, como diz Éxupèry "o essencial é invisível para os olhos".
Escolhi recebê-lo com a simplicidade e a humildade de quem está, aos poucos, saindo da escuridão.
A noite escura da alma traz uma carga intensa de aprendizados.
Penso, já vivi tantos  agostos, de alguns agostei, de outros nem tanto, mas este, este terá um sabor diferente, apreciado por quem passou pela noite escura da alma e está sob o efeito da queda dos véus!
E assim, entre pensamentos, golinhos de vinho e beliscos resolvo dar uma sapeada pelo whatsapp e, pimba... me deparo com um texto maraaaa... vilhoso, enviado por uma amiga não menos maravilhosa. O texto me tira o folego, me enche de emoção, me põe lágrimas nos olhos e, ainda, me impele a sair da inércia. Assim, nasce esta postagem.
O texto merece, o momento merece, minha amiga merece, agosto merece, você merece e principalmente, eu mereço!
Julho se foi e o que foi, foi..., ficam para traz os convites não feitos, os aniversários não comemorados, os beijos não dados, as vontades sufocadas, as viagens não curtidas, as exclusões tão sentidas e tão doidas! O que foi foi... com julho aprendi um monte, sobre não julgar, sobre me olhar, me cuidar, perdoar e sempre, sempre amar, amar, amar....incondicionalmente! Julho se foi e, como diz o texto "agosto tem muito a ensinar porque  é mês jardineiro, é dentro dele, berço do inverno, que as sementes dormem. Aguardam seu tempo de brotar. Agosto é guardador da boa-nova, preparador de flores." 
Vou brotar, vou setembrar e virar flor...  por que "agosto é quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o tempo das mutações."
O mais, o texto fala por si e por mim....!
Só sei que vou aceitar as esperas, mas colocar floreiras na janela.!

Texto de Miryan Lucy de Rezende 
Escritora e Educadora Infantil

"Só quem vive bem os agostos, é merecedor da primavera!"

" Lembro-me bem. Foi quando julho se foi, que um vento mais gelado, mais
destemperado, que arrastava ainda folhas deixadas pelo outono, me disse algumas verdades. Convenceu-me de que o céu começaria a apresentar metamorfoses avermelhadas. Que a poeira levantada por ele daria lições de que as coisas nem sempre ficam no mesmo lugar e que é preciso aceitar que a poeira só assenta depois que os redemoinhos se vão.
Foi quando julho se foi que a minha solidão me convidou para uma conversa. E me contou de tempo de esperas. E me disse que o barulho das árvores tinha algo a dizer sobre aceitação. E eu fiquei pensando como elas, as árvores, aceitam as estações que, se as estremecem, também lhes florescem os galhos. Mas tudo a seu tempo. Foi em agosto que descobri que os cachorros loucos são, na verdade, os uivos que não lançamos ao vento. São nossos estremecimentos particulares que a nossa rigidez de certezas não nos permite encarar.
O mês de agosto tem muito a ensinar. Porque agosto é mês jardineiro, é dentro dele, berço do inverno, que as sementes dormem. Aguardam seu tempo de brotar. Agosto é guardador da boa-nova, preparador de flores. Agosto é quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o tempo das mutações.
Mude, diz agosto, em seu recado de sementes. Aceite, diz agosto, com seu jeito frio de vento que levanta poeira e a faz avermelhar o céu. Compartilhe, diz agosto. Agasalhos, sopas quentinhas, cafés com chocolate, abraços mais apertados – eles também aquecem a alma e aninham o corpo. Distribua mais afetos, que inverno é acolhimento, é tempo de preparar setembro. E, de setembro, todos sabemos o que esperar. Esperamos a arrebentação das cores, que com seus mais variados nomes vêm em forma de flores.
Vamos apreciar agosto, recebê-lo com o espanto feliz de quem não desafia ventos. Que ele desarrume e espalhe suas folhas e levante suas poeiras.
Aceite as esperas, mas coloque floreiras na janela.

Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera!"