Hoje faz uma semana que começou o horário de verão.
Meus sentires quanto ao horário de verão são antagônicos. Uma relação de amor e ódio. Adiantar o relógio uma hora me traz sofrimentos enormes, meu corpo sofre para levantar e não quer dormir quando teoricamente já passa da hora, a sensação é que vou perdendo todo dia uma hora. Ao levantar, ainda é noite…. quase choro, meu corpo rejeita veementemente esse despertar agressivo e noturno.
Por outro lado, chegar em casa ainda à luz da tarde é uma delícia, me engano pensando que posso fazer mil coisas…dentre elas caminhar ! Mas… estou todos os dias perdendo uma hora..ora.Meus sentires quanto ao horário de verão são antagônicos. Uma relação de amor e ódio. Adiantar o relógio uma hora me traz sofrimentos enormes, meu corpo sofre para levantar e não quer dormir quando teoricamente já passa da hora, a sensação é que vou perdendo todo dia uma hora. Ao levantar, ainda é noite…. quase choro, meu corpo rejeita veementemente esse despertar agressivo e noturno.
No domingo fatídico que mudou o horário vi no facebook um texto bacana da jornalista Clarissa Leal. Ela falava sobre parar as horas. Conheci Clarissa durante o Vitória Moda Show, e gostando do texto, pedi permissão a ela para usá-lo, assim, reproduzo-o aqui suprimindo nomes e fazendo adequações.
“Devo adiantar o meu relógio em uma hora. Só consigo me lembrar que os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. Olho em volta e vejo o quão controladora sou: há relógios e calendários por todos os cômodos da casa. É como se a cada dia riscado chegasse mais perto do deadline para a conquista da felicidade. Penso em As Horas Vulgares e em meu drama em tela grande As Horas. Contabilizo em segundo, plano, a cronologia da minha nada mole vida. Pergunto-me se o tempo passa e se algo fica. Perene. Desperdício. Ele diz que o tempo de Deus é diferente e que qualquer dia, qualquer hora a gente se encontra. Para falar de amor, seja como for. Ai! Essa hora que não passa, esse desejo que não me larga, essa angústia e ansiedade a cada ponteiro que não gira. O sentido é horário, parece ser temerário. Queria congelar, mas ainda um milésimo de segundo me escaparia. Dislexa que sou, leio 17hs e entendo 19h. É o subconsciente operando sob a fragilidade do meu pouco tempo de espera. Cansei de contar e multiplicar os minutos, nunca vou entender como 1h significa 60 minutos, e um minuto é igual a sessenta segundos. Queria que no letreiro do meu coração existisse um Big Ben digital. Clicaria e enviaria em anexo. Ai ! Se meus olhos tirassem fotos...” (Leal, Clarissa, 2012).
Houve um tempo em minha vida que quis com todas as forças do meu ser parar as horas, congelar o tempo e que meus olhos fossem câmeras fotográficas poderosas que pudessem registrar em alta resolução todos os momentos… não sendo isso possível, gravei para sempre na retina e na memória, na mais alta resolução possível para um cérebro humano as imagens que me acompanham nas minhas horas de lembrança… nas horinhas de descuido, em que se dá a tal felicidade, segundo GUIMARÃES ROSA.
Dias atrás se pudesse, pararia novamente as horas….ora, e gostaria que meus ouvidos tivessem gravadores superpotentes para reproduzir quantas vezes eu quisesse a voz deliciosa dizendo coisas reconfortantes aos meus ouvidos… não sendo isso possível, guardo os sons na memória.
E agora… no passar das horas, quero acelerar as horas…ora, na espera de respostas tão sem hora, que quisera eu viessem na mesma hora!