sábado, 6 de abril de 2013

Saudades do possível!

Acordo … o corpo está todo dolorido, provavelmente reflexos do corre-corre da semana que passou! Só então me dei conta do quanto estava cansada… cansaço físico mesmo! Nenhum peso de alma, nenhum peso do passado, uma paz imensa! Leveza, suavidade… até as saudades estão diferentes….. saudades do bom que fica… saudades do gostoso que é…, lembranças dos poucos, mas intensos momentos de carinho, de alegria, de encantamento, de graça, de descobertas dos seres que nos transformamos… saudades leves, suaves que conseguem me colocar um sorriso nos lábios e muito amor no coração! Saudades  de ser possível, dá pra entender?
Assim, com o corpo todo dolorido - acho que após uma noite quase decente de sono , consegui relaxar um pouco, e o corpo sentiu – acordo e deixo fluir as lembranças da noite. Nitidamente, me vêm à memória aquilo que não foi sonho, pois acontece nos primeiros momentos de relaxamento, uma visão talvez? Sabe aquele momento que não se está dormindo, nem acordado?
São nesses momentos de semi-consciência, que acontecem o que chamo de “deeply memory” ( visões, ou acessos a memórias profundas, que tem a ver com acessar experiências vividas pela mente incosciente). Às vezes acesso memórias relacionadas ao passado, outras vezes a situações inusitadas e dessa vez foi assim… foram memórias profundas de algo que ainda não vivi, mas que não foi sonho, ah! Isso não foi mesmo! Foi assim… “estava eu, sentada na cozinha da casa de pessoas que amo – um casal maravilhoso, que respeito tal qual a meus pais, lá no Porto Seguro -  estávamos conversando. Era uma conversa muito alegre, riamos, brincávamos, eu estava muito à vontade.. solta, feliz! Estava de costas para uma das portas, a de entrada da área de serviço e percebo que de repente os olhos do casal, simultaneamente, se desviam para algo que está atrás e acima de mim, para a porta, são olhares divertidos, sorridentes, como se estivessem vendo alguém muito amado, e estavam…, ato contínuo, me sinto envolvida pelas costas por um abraço caloroso (um abraço de urso), mais do que isso, um abraço amoroso( em braços que me cabem direitinho) ao tempo em que ganho um beijo bem no cantinho da boca….,e me viro para também beijar os cantinhos de boca, surpresa e feliz! Era o filho, era o homem que amo! Foi tudo muito rápido,uma visão repentina, um sonho que durou segundos...mas... abro os olhos assustada, o coração está acelerado, uma sensação gostosa de realidade - foi real, quase posso jurar que aconteceu!  É assim que acontece, são as memórias profundas que estão gravadas na alma e que me acometem vez em sempre.
Com essas lembranças passeando pelo pensamento e pelo coração começo meu dia…  desperto de vez ao toque do interfone. Já sei, é Tânia chegando. Alongo, bocejo, espreguiço vagarosamente e feito uma pantera que se  prepara para a vida, dou um salto e corro para atender o interfone.
Tânia chega trazendo pão fresco e pão de queijo quentinho para nosso café da manhã (ela sempre faz isso – adoro! Ela é muito especial, uma amiga querida). Preparo a mesa, nos sentamos e tomamos café juntas enquanto nos atualizamos… e logo vamos para a lida! Cada uma com as suas tarefas.  
Vamos ouvir música!  Querendo leveza para o dia,faço uma seleção significativa. Começo com música caribenha – Caramba Trio – um CD que ganhei do meu amor. E começamos volando, volando...
Volaré, oh oh
Cantaré, oh oh oh oh
Nel blu dipinto de blu
Felice de stare lassù
Y volando, volando feliz
Yo me encuentro más alto
Más alto que el sol
Y mientras que el mundo
Se aleja despació de mi
Una música dulce
Se ha tocada solo para mí
Ao tempo em que limpo as verduras e as coloco separadinhas em pequenos recepientes, para os próximos dias, vou volando felice, cantando e dançando. Ao dançar, empunho com atos decididos as castanholas imaginárias e saio rodopiando pela cozinha. Me ocorre um outro momento de  deeply memory  e me vejo em vestes gitanas, bonitas, coloridas, saia longa estampada e blusa branca de ombro caido.. dando volteios e sapateios…! Bamboleio, bamboleio saio bamboleando,  rio de mim! Gosto de dançar!
Escolho em seguida uma seleção de samba… Uma seleção gravada no meu pczinho por ele, e sambo, boto samba no pé… chacoalho as cadeiras, a cozinha fica pequena para mim. Levanta sacode a poeira e dá a volta por cima… reconhece a queda e não desanima…! Pelo amor de DEUS, clareia a minha solidão, acenda a luz do teu perdão, apaga esse adeus do olhar, faz dos medos meus receio sem nenhum valor, não custa nada perdoar! Garoto maroto, você faz de conta, que quer meu perdão, mas depois apronta no meu coração… desarruma tudo, fazendo arruaça, me põe quase louca de tanta pirraça com os carinhos, que dá sem favor. Tira meu escudo, me põe indefesa, com água na boca, carente de amor! Enquanto João Nogueira, Alcione, Noel Rosa, Cartola eentre outros passeiam pela minha cozinha olho para o tomate que estou picando e sorrio… eu sou rica kkkk… posso colocar tomate na minha salada. Parece que o tomate virou o vilão da temporada!
Agora arroz, feijão e MPB, próxima seleção da minha lista de músicas… dele também! Puxa, mexi em tudo que estava guardado há tempos, dentro e fora! Ganhei um monte de CD´s dele.. e hoje parece que vou ouvi-los, como há tempos não fazia! A seleção de MPB por sua vez muda o ritmo da dança e vai enchendo o coração de saudades e lembranças gostosas. Lembranças que me vieram à mente em processo de deeply memory”  muito forte lá, no outro lado do mundo, e que desde então se consolidou fortemente no coração, de uma forma diferente… talvez seja eu que estou diferente, ai estou! Me peguei apaixonada de novo, pelo mesmo homem, de forma diferente! Queria que ele soubesse, queria muito! E a MPB segue… Vai minha tristeza, diz a ele que sem ele não pode ser, diz-lhe numa prece, que ele regresse, porque eu não posso mais sofrer. Chega de saudade, a realidade é que sem ele não há paz, não há beleza, é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim não sai… Mas se ele voltar, se ele voltar, que coisa linda, que coisa louca! E, então, Leila Pinheiro chega cantando Roberto Carlos, como vai você? Eu preciso saber da sua vida, peça a alguém pra me contar sobre o seu dia, anoiteceu e eu preciso só saber, como vai você? Razão da minha paz já esquecida, nem sei se gosto mais de mim ou de você. Vem, que o tempo pode afastar nós dois, não deixe tanta vida pra depois, eu só preciso saber…como vai você ? que já modificou a minha vida! Mas sequer me dá sinais de vida...
Bife acebolado, pure de batatas gratinado com requeijão e queijo parmesão, Ana Carolina, Dido, Diana Krall ( que também ganhei dele), The Corss e por ai vai…ovo de Páscoa para sobremesa e... fazia tempo que não fazia uma comidinha tão boa... com tanto AMOR! Acho que estou quase plena, de bamboleio a samba, de samba a sonhos…  sonhos que não são sonhos, visões, aparições em estado de REM,  e foi assim,
Foi assim que acordei hoje! Com saudades do possível. Pode?

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Cabeça nas nuvens, pés no chão : In Cloud!

Desde que cheguei de férias e lá se vão quase cinquenta dias,  estou mais out of here do que in… aguardando com certa ansiedade o momento de quietar um pouco, de poder processar os acontecimentos, curtir e principalmente me permitir “sentir” mais!

Tenho me sentido mais  in cloud  do que on land.  Os poucos momentos que tenho ficado  on land” estão corridos. Apesar dos momentos acelerados de correria externa, ainda estou conseguindo me manter no prumo, tentando manter a serenidade e sendo bem suave. Disseram que estou bem pragmática, disseram que voltei diferente, pode ser! Mas, ainda me sinto e  estou… literalmente, nas nuvens! Estar in cloud  não é de todo ruim, são os momentos em que posso acessar meus arquivos mais preciosos de qualquer lugar onde esteja, a qualquer hora, sem necessidade de instalar nenhum programa, já que todos os dados, todas as informações estão devidamente armazenados em seus compartimentos.  O acesso é remoto e tão possível quanto acessar arquivos armazenados em “cloud computing”! Enquanto passeio sobre nuvens mil coisas passam pela cabeça. Uma voz gostosa fixada nos arquivos da memória auditiva, acabada de ouvir minutos antes do embarque… ficam soando e ressoando como música nos meus ouvidos.
Basta fechar os olhos, acionar os arquivos de memória lá das nuvens , aproveitar o momento e deixar o pensamento viajar e permitir ao coração todos os sentires… e o coração não se faz de rogado, sente!
E de repente, sexta-feira chegou, a semana passou… e rápido! A dinâmica da vida é inexorável. As vezes acontece tudo de uma vez, outras vezes, a vida dá uma trégua e pára tudo! Parece que é assim que estamos, parados, apesar de o tempo correr, de a vida passar, de tudo acontecer, ao tempo em que nada acontece e apenas sinto… sinto saudades! E queria dizer, vou te ver posso?
E, contraditoriamente, tudo passa num piscar de olhos e quando vejo… o mundo girou e estou novamente “in cloud” . Fecho os olhos, o pensamento voa novamente, quer amenizar as saudades e penso que podia ter aproveitado o momento, invertido o trajeto, virado o avião, saciado a vontade desse coração, podia. Posso te ver? E, então, te vejo “in cloud” , te vejo nas nuvens…. Quem sabe hora dessas, quem sabe?
Foto de Eliel Mendes