segunda-feira, 23 de abril de 2012

Rifa-se um coração - LISPECTORIANA

Clarice e Eu



Minha amizade com Clarice é bem antiga, apesar de ela anteceder a mim um bocado!

Sou Lispectoriana. Nossa amizade começou quando eu, ainda adolescente, sem condições de comprar livros, devorava tudo o que me aparecia pela frente ao transitar pelas estantes maravilhosas e encantadoras, de livre acesso, com cheiro de cultura e saber, da Biblioteca Pública Municipal Jorge Miguel Attab. Transitei e me deleitei com romances (Perto do Coração Selvagem, A Paixão Segundo GH dentre outros)e  contos ( O primeiro beijo, Uma história de tanto AMOR, Felicidade clandestina) da autora. Ficamos mais intimas ainda quando no inicio da minha carreira – trabalhando na BPM - pude ter contato imediato, sem restrições, manuseando, organizando, lendo, devorando as obras disponíveis de Clarice. Naquela época o deleite foi completo...  Me encantava aquela mulher misteriosa, de personalidade forte e marcante, que apesar de [...]ousar desvelar a profundeza da sua alma em seus escritos... reconhecia com espanto ser um mistério para si mesma.” 

(http://www.claricelispector.com.br/autobiografia.aspx).

Acho que de certa forma me identificava com aquela mulher.... Mas algo me escapou nesse tempo todo e... tudo o que passa volta!

Se não me falha a memória, foi na quinta ou sexta feira da semana passada que tive contato com a preciosidade que ora lhes apresento.

Foi muito engraçado pois eu estava muito injuriada para ser suave, a semana transcorreu de forma lamentável e eu estava literalmente exausta!

Cheguei não sei de onde… provavelmente de uma daquelas reuniões intermináveis e irresolutivas e vi que alguém, que não sei quem, havia gentilmente deixado alguns exemplares de uma revista técnica sobre a minha mesa (CouroBusiness). Nem mesmo o cansaço vence a minha curiosidade e sede de saber, principalmente por informações sobre os meus projetos e para aliviar o “stress” e espantar a contrariedade interna, comecei a folhear a revista, daquela forma bem feminina – de trás para a frente obviamente - parei por ali mesmo, na primeira página para mim (última para os leitores normais) quando apareceu saltitante aos meus olhos a palavra RIFA  e na sequencia CLARICE LISPECTOR.

Imediatamente baixei os olhos para a primeira frase: Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.  Opa… pensei, faz tanto tempo que não conversamos e Clarice está me descrevendo!  Será? Isso se parece comigo.

O telefone toca, interrompendo a leitura . Atendo

– Empresa tal, fulana de tal, boa tarde!

_ Oi, é com você que falo sobre….

_ É sim, como posso ajudá-la Senhora …

_ Sabe o que é...Bláblálbla.... e a conversa segue. ...Blábláblá…blá…blá. E eu ouvindo, respondendo até encerrar. Cumprimento ...

_ Boa tarde. Termino a conversa ansiosa para continuar minha leitura …

 

Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões. Um pouco inconsequente e nunca desiste de acreditar nas pessoas.  

Putz, Clarice, converso com ela, você está falando de mim? É, não é? Confessa !

Ela não consegue me responder, não está por perto, nem está mais por aqui...mas é! Interrompo a leitura de novo com a chegada de Isabella com alguns documentos para eu assinar.

-- K… você pode assinar esses documentos para mim e despachar alguns processos que estão na sua caixa? É urgente…

-- OK Isa posso sim, senta ai e não saia enquanto eu não terminar .

Ela que é uma graça de pessoa, super bom astral e sempre pronta a me colocar para cima. Percebeu que estava meio para baixo e  diz…

--- Está tudo bem? Você parece cansada… ( e eu quase choro com a percepção dela. Eu sabia que aquela criaturinha minúscula e bela como o nome iria e vai longe e acho que estou certa). Olho para ela e sinto vontade de contar como foi a semana e conto ao tempo em que digo: Está tudo bem…

Ela diz: -- Ainda bem que já passou, agora você vai descansar.

A conversa transcorre, vou assinando documentos e despachando. Enquanto espera,  ela pega a revista na página que eu estava. Curiosa como eu e muito rápida no gatilho, leu a crônica. Terminamos juntas eu de assinar e ela de ler.

Daí, o inesperado, ou não, para uma criaturainha escorpiana de 18 anos, cheia de idéias e sem restrições para expor suas opiniões ( isso por sinal me lembrou alguém aos 18 anos, há algum tempo atrás).

Ela me olha e solta de sopetão:  Você já leu a esta crônica?

-- Estou tentando digo eu, ainda não consegui terminar.

--- Não gostei , me diz ela.

Admirada com a rapidez  e o senso critico dela perguntei:

-- Porque?

-- É muito triste!!!!

-- ??????.

Terminamos, ela se foi e me deixou em uma situação difícil. Entre a fidelidade à minha amiga de longa data ( que eu achava que estava me descrevendo) e a visão diferenciada da pirralha me vi obrigada a resignificar a percepção de mim mesma. Diante disso resolvi , já com outros olhos, concluir a leitura.

Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.

Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.

Este coração tantas vezes incompreendido.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: “O Senhor pode conferir”, eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.


 

Ao chegar nesta parte, comecei a entender o pensamento de Isa. É natural  Clarice, que uma menina à flor da idade, cheia de vida e otimismo se choque com uma constatação dessa magnitude. Constatar que, ao longo da vida, embora a gente tente fazer tudo certo, muitas vezes falha ao agir com emoção, ao colocar sentimentos é assustador  – o pragmatismo sem sombra de dúvida é muito mais seguro.

Continuando…


 

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que, ainda não foi adotado, provavelmente por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.


 

Neste ponto pensei… Como Clarice podia descrever exatamente meus sentires? Mas concordei com Isa… apesar de sentir exatamente isso que você está descrevendo, Clarice, não estou rifando meu coração. Posso gentilmente oferecê-lo, com muitas dessas nuances que você descreveu… Mas rifar não... Isabella tem razão...isso realmente é muito triste,

Mas ai… Clarice concorda comigo e resolve ofertar o coração, pena que ao oferecê-lo o desmerece tanto... o coração que se dá tem tantas ou mais qualidades do que aquele que se rifa...


 Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e, a ter a petulância de se aventurar como poeta.


 

Querida Clarice, obrigada pelas belas palavras, com certeza me vi em muitas delas meu coração é tudo isso mesmo, você está certa. Mas..olhando com olhos de Isabella, entendi que antes que rifar meu coração, esse coração que nunca aprende, que bate acelerado só de pensar no amor que traz dentro de si, que assim como o seu não endurece, que mantém viva a esperança de ser feliz, que mantém o sonho e o delírio de algum dia bater juntinho àquele peito pelo qual suspira, antes que rifar esse coração querida amiga, prefiro oferecê-lo mais uma vez com carinho, com suavidade e AMOR.

E ainda que seja o meu também, um coração insensato, que comanda o racional, ainda que seja um coração apaixonado ele continua inocente, sem armaduras, simples e natural. E sim, continua também insistindo em cometer os mesmos erros esse coração, saí do sério, se arrepende depois, se recolhe, encollhe, provavelmente por se recusar  assim como o seu a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo, por não querer invadir, desrespeitar.

Sob esse novo olhar, é puro  doação o meu coração, que já escolheu seu tomador!



 

domingo, 22 de abril de 2012

Fragmentos de Mário Quintana!

 EU E QUINTANA...




...amor a primeira vista e a perder de vista! Me lembro de uma vez, quando estive em Porto Alegre e tive a oportunidade de tomar um chocolate quente na lanchonete do Centro Cultural Mário Quintana, bem lá em cima, vendo o sol se por sobre o Rio Guaiba.
Tudo é muito lindo e entendi que as almas privilegiadas, conseguem transformar beleza em palavras e podem brincar com elas. Lá o poeta fazia suas incertas e escrevia coisas tão certas! Como:

SENTIR PRIMEIRO

Sentir primeiro, pensar depois,
Perdoar primeiro, julgar depois,
Amar primeiro, educar depois,
Alimentar primeiro, cantar depois.
                                      
Possuir primeiro,       
 contemplar depois.                                                     
Agir primeiro, julgar depois                                          
Navegar primeiro, aportar depois,                                  
Viver primeiro, morrer depois.                                        


Registro aqui alguns trechinhos de poemas, ou mesmo poemas inteiros - aqueles que mais me tocaram - por isso denominados Fragmentos do Livro "80 anos de poesia". Maravilhas de Mario Quntana.
A RUA DOS CATAVENTOS

Da primeira vez que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha,
E hoje, dos meus cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada
 Arde um toco de vela amarelada...
Como o único bem que me ficou!
           (estrofes I e II p.35)

... vão parar nos anéis de saturno, são eles que formam, eternamente girando, os estranhos anéis desse planeta misterioso e amigo.(p.67)

____________
CARRETO
 Amar é mudar a alma de casa. (p.67)
__________
... "Colhe o momento que passa. Colhi-o, atarantado... Era um não sei o que..."
(p.76)

__________
           MENTIRA?
 A mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer. (p.83)

PARA MOISÉS VELHINHO (p.37)
Minha morte nasceu quando nasci
Despertou, balbuciou, cresceu comigo,
E dançamos de roda ao luar amigo,
Na pequenina rua em que vivi.

Já não tem mais aquele jeito antigo
De rir e que, ai de mim, também perdi!
Mais ainda agora a estou sentindo aqui,
Grave e boa a escutar o que lhe digo.

E as horas lá se vão loucas ou tristes...
Mas é tão bom, em meio às horas todas,
Pensar em ti, saber que tu existes!

________
ESPELHO MÁGICO             
Das Utopias:                         

"Se as coisas são intangíveis...ora!
Não é motivo para não quere-las... 
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas...
(p.94)
DAS IDEIAS                        
Qualquer coisa que te agrade,    
Por isso mesmo...é tua             
O autor nada mais faz do que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente NUA! (p.96)
_________

DA DISCRIÇÃO
Não te abras com teu amigo
Que ele outro amigo tem
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também... (p.97)
__________

EPÍLOGO
Não, o melhor é não falares, não explicares coisa alguma.
Tudo agora está suspenso.
Nada aguenta nada.
E sabe DEUS o que é que desencadeia as catástrofes, o que é que derruba um castelo de cartas.
Não se sabe... Umas vezes passa uma avalanche e não morre uma mosca...
Outras vezes, senta uma mosca e desaba uma cidade. (p.77)
_________

O CHALÉ DA PRAÇA XV
O chalé fazia parte da gente. Me lembro do Bilu, com seu perfil perpendicular de cegonha sábia, o longo bico mergulhado - não no garfo do gomil da fábula, não propriamente no canecão de chopp, que era de fato o que estava acontecendo - mas no POÇO ARTESIANO DE SI MESMO (p.120).
... o rio da harmonia confusão das almas ?  Agora era apenas o rio do tempo que passou.
                                               _______________
PARADA KM 77
... até onde irá a procissão dos postes, unidos pelos fios, à mesma solidão? (p.120)

VERSO AVULSO
Senhor! Que buscas tu pescar com a rede das estrelas? (p.121)

IMAGINAÇÃO
... A imaginação é a memória que enlouqueceu!

_______________
BAÚ DOS ESPANTOS

CONVITE
"Basta de poemas para depois... Ó vida, e se nós dois vivessemos juntos? (p.184)

TEMPO PERDIDO
Havia um tempo de cadeiras na calçada,
Era um tempo em que havia mais estrelas.
Tempo em que as crianças brincavam sob a clarabóia da lua
E o cachorro da casa era um grande personagem
E também o relógio de parede.
Ele não media o tempo: ele meditava o TEMPO. (p.125)

O TEMPO
"O tempo é a insônia da eternidade... (p.134)

____________
O PEQUENO POEMA DIDÁTICO
Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre.
Todas as horas são extremas! (p.168)
QUINTANA, Mário. 80 anos de poesia. Tania Franco Cavalhau (org.). São Paulo: Ed. Globo, 2008. 






sábado, 14 de abril de 2012

Anel de Tucum - Os Princípios!

Foi assim...

Aconteceu numa madrugada qualquer, de uma Semana Santa qualquer, que bem poderia ser março de 2008 (e era), num quiosque de lanche qualquer, que bem poderia ser o Skinão, lá no Porto Seguro (e era )...
Num tempo sem tempo, onde o que menos importava era o tempo! Não se sabia se fazia frio ou calor... não se sentia! Ele tomava uma água com bolinhas e eu o acompanhava...
Assim... encantados, mergulhados um no olhar do outro - nos re-conhecendo e algo re-nascendo.
Eu o olhava totalmente absorta, esquecida do mundo à minha volta me perdia na fala dele, e ele, enquanto falava girava com os dedos da mão esquerda algo que parecia um anel  que estava no dedo anular da mão direita - movimento este que descobri  depois, lhe era peculiar .
E estavámos assim perdidos no olhar, nos movimentos dos lábios, na voz e na fala um do outro, sorvendo lentamente cada palavra, cada gesto, espreitando, perscrutando os seres que havíamos nos transfomado, alheios a tudo o que não fosse nós mesmos. E o anel girando no dedo, para lá e para cá...para cá e para lá!
Então... ele fixa em mim aquele olhar de esmeralda diluída com uma leve poeira de ouro no fundo, com um brilho de estrela que me atravessa a alma e até hoje me faz sentir frio na barriga e calor no coração e num movimento súbito, sem mais nem porquê tira do dedo a argola marrom que parece madeira em forma de anel, entrega nas minhas mãos e pergunta...
__ Você sabe o que é isso?
__ Me parece um anel, respondo num murmúrio quase inaudível.
__ É mais do que isso, é um ANEL DE TUCUM. E começa a me explicar o significado do anel.
Enquanto ele explica, seguro o anel entre os dedos, giro-o para lá e para cá, olho, experimento - quase cabe em dois dos meus dedos- brinco e rio de mim...
E a explicação prossegue... diz que significa a preservação dos princípios, que os escravos o confeccionavam com um tipo de coco e presenteavam suas companheiras como símbolo da aliança, da libertação, da preservação dos seus principios e depois seu uso foi ampliado para outras coisas etc... Me conta que resolveu usá-lo já há algum tempo para lembrar sempre de preservar seus principios, não deixar que eles se perdessem diante das mazelas da vida!
Cravo meus olhos que "mudam de cor" nos movimentos daquela boca me oferecendo explicações e fico admirada com o homem que ele se transformou.
Desde então me re-apaixonei!
Estendo a mão para devolver a ele a preciosa aliança e... me surpreendo com o gesto e a fala!
__ É seu - ele me diz!
__ Como??? Pergunto boquiaberta!
__ Sim, é isso mesmo. Ele é seu! -  Enfatiza
__ Mas... ele é importante para você... ! Digo relutante!
__ Aceite-o é para você!
__ Mas... não me serve... Tentei!
__ Use-o como quiser. Mas é seu...ninguém melhor do que você para ter esse anel - ele reforça!
__ Obrigada! aceitei.
Assim...nos tornamos guardiões dos nossos princípios.
Descobri que foi ali... naquele momento que o amei de novo!
Era uma Páscoa feliz e aquele foi o simbolo e o marco da libertação... o amor renasceu, ressurgiu, ressuscitou!





E, desde então, passei a usá-lo...
E desde então... re-amei..
E desde então renovei o AMOR!
No ANEL DE TUCUM!


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ANEL DE TUCUM

Eram diversos e variados rituais para celebrar uma aliança. Os mais simples eram: apertar a mão um do outro, dar um presente, trocar de veste ou de armas. Os mais profundos eram: beber ou misturar o sangue um ao outro, ou imergir a mão numa bacia de sangue; às vezes cortavam-se animais sacrificados e passava-se entre eles (cf Gen 15-17; Jer 38, 18).
Conforme a tradição bíblica, Deus vcelebrou várias alianças com seu povo ao longo da história, culminando na pessoa de Jesus de Nazaré. Desde então os seguidores passaram a falar em antiga e nova aliança. Assim como a antiga aliança foi constituida pelo sange dos animais sacrificados (Ex 24,8), a nova aliança foi constituida pelo sangue de Jesus Cristo(Heb 9,11; 10,1-18).
Acompanhando essa tradição, na época do império, quando o ouro era usado nos anéis dos opressores, negros e índios, não tendo ouro, cultivaram o ANEL DE TUCUM como símbolo de pacto matrimonial, símbolo de amizade entre si e também como resistência na luta por libertação. Era símbolo clandestino, cujo significado somente eles sabiam. O anel de tucum era usado para agregar os oprimidos. Com isso renasce o simbolismo da ALIANÇA no ANEL de TUCUM, extraído de uma palmeira da Amazônia, cheia de espinhos, o símbolo do compromisso e da aliança com as causas dos oprimidos, exluiídos e marginalizados - e suas lutas por libertação.
Foi na década de 70 que o Conselho Indigenista Missionário adotou o Anel de Tucum, hoje usado no mundo inteiro por quem assume a luta pelas causas populares, misturando-se com a sorte dos pobres da terra.
Esse símbolo foi bem escolhido, pois assim como é penoso fazer o anel de tucum, também é árdua a luta por dignidade, vida, esperança e paz.

::: Não construa muros em seu coração:::





O Anel de Tucum!

Foi assim...

Aconteceu numa madrugada qualquer, de uma Semana Santa qualquer, que bem poderia ser março de 2008 (e era), num quiosque de lanche qualquer, que bem poderia ser o Skinão, lá no Porto Seguro (e era )...
Num tempo sem tempo, onde o que menos importava era o tempo! Não se sabia se fazia frio ou calor... não se sentia! Ele tomava uma água com bolinhas e eu o acompanhava...
Assim... encantados, mergulhados um no olhar do outro - nos re-conhecendo e algo re-nascendo.
Eu o olhava totalmente absorta, esquecida do mundo à minha volta me perdia na fala dele, e ele, enquanto falava girava com os dedos da mão esquerda algo que parecia um anel  que estava no dedo anular da mão direita - movimento este que descobri  depois, lhe era peculiar .
E estavámos assim perdidos no olhar, nos movimentos dos lábios, na voz e na fala um do outro, sorvendo lentamente cada palavra, cada gesto, espreitando, perscrutando os seres que havíamos nos transfomado, alheios a tudo o que não fosse nós mesmos. E o anel girando no dedo, para lá e para cá...para cá e para lá!
Então... ele fixa em mim aquele olhar de esmeralda diluída com uma leve poeira de ouro no fundo, com um brilho de estrela que me atravessa a alma e até hoje me faz sentir frio na barriga e calor no coração e num movimento súbito, sem mais nem porquê tira do dedo a argola marrom que parece madeira em forma de anel, entrega nas minhas mãos e pergunta...
__ Você sabe o que é isso?
__ Me parece um anel, respondo num murmúrio quase inaudível.
__ É mais do que isso, é um ANEL DE TUCUM. E começa a me explicar o significado do anel.
Enquanto ele explica, seguro o anel entre os dedos, giro-o para lá e para cá, olho, experimento - quase cabe em dois dos meus dedos- brinco e rio de mim...
E a explicação prossegue... diz que significa a preservação dos princípios, que os escravos o confeccionavam com um tipo de coco e presenteavam suas companheiras como símbolo da aliança, da libertação, da preservação dos seus principios e depois seu uso foi ampliado para outras coisas etc... Me conta que resolveu usá-lo já há algum tempo para lembrar sempre de preservar seus principios, não deixar que eles se perdessem diante das mazelas da vida!
Cravo meus olhos que "mudam de cor" nos movimentos daquela boca me oferecendo explicações e fico admirada com o homem que ele se transformou.
Desde então me re-apaixonei!
Estendo a mão para devolver a ele a preciosa aliança e... me surpreendo com o gesto e a fala!
__ É seu - ele me diz!
__ Como??? Pergunto boquiaberta!
__ Sim, é isso mesmo. Ele é seu! -  Enfatiza
__ Mas... ele é importante para você... ! Digo relutante!
__ Aceite-o é para você!
__ Mas... não me serve... Tentei!
__ Use-o como quiser. Mas é seu...ninguém melhor do que você para ter esse anel - ele reforça!
__ Obrigada! aceitei.
Assim...nos tornamos guardiões dos nossos princípios.
Descobri que foi ali... naquele momento que o amei de novo!
Era uma Páscoa feliz e aquele foi o simbolo e o marco da libertação... o amor renasceu, ressurgiu, ressuscitou!





E, desde então, passei a usá-lo...
E desde então... re-amei..
E desde então renovei o AMOR!
No ANEL DE TUCUM!
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ANEL DE TUCUM - Os principios

Eram diversos e variados rituais para celebrar uma aliança. Os mais simples eram: apertar a mão um do outro, dar um presente, trocar de veste ou de armas. Os mais profundos eram: beber ou misturar o sangue um ao outro, ou imergir a mão numa bacia de sangue; às vezes cortavam-se animais sacrificados e passava-se entre eles (cf Gen 15-17; Jer 38, 18).
Conforme a tradição bíblica, Deus vcelebrou várias alianças com seu povo ao longo da história, culminando na pessoa de Jesus de Nazaré. Desde então os seguidores passaram a falar em antiga e nova aliança. Assim como a antiga aliança foi constituida pelo sange dos animais sacrificados (Ex 24,8), a nova aliança foi constituida pelo sangue de Jesus Cristo(Heb 9,11; 10,1-18).
Acompanhando essa tradição, na época do império, quando o ouro era usado nos anéis dos opressores, negros e índios, não tendo ouro, cultivaram o ANEL DE TUCUM como símbolo de pacto matrimonial, símbolo de amizade entre si e também como resistência na luta por libertação. Era símbolo clandestino, cujo significado somente eles sabiam. O anel de tucum era usado para agregar os oprimidos. Com isso renasce o simbolismo da ALIANÇA no ANEL de TUCUM, extraído de uma palmeira da Amazônia, cheia de espinhos, o símbolo do compromisso e da aliança com as causas dos oprimidos, exluiídos e marginalizados - e suas lutas por libertação.
Foi na década de 70 que o Conselho Indigenista Missionário adotou o Anel de Tucum, hoje usado no mundo inteiro por quem assume a luta pelas causas populares, misturando-se com a sorte dos pobres da terra.
Esse símbolo foi bem escolhido, pois assim como é penoso fazer o anel de tucum, também é árdua a luta por dignidade, vida, esperança e paz.

::: Não construa muros em seu coração:::



sexta-feira, 13 de abril de 2012

E assim... seguiu a história!

Cap. I - DIÁRIO DE UMA VIDA

Já faz algum tempo que ando querendo explorar um diário que comecei a escrever quando era menina. Muito menina mesmo.
Hoje, resolvi sacá-lo do meu baú de memórias, e ao fazer isso, acariciei aquilo que na época chamei de diário e voltei aos tempos de menina... O tal diário, na verdade não é um diário de verdade... é algo parecido com um livro caixa(um diário contábil), que ganhei de alguma tia e que encapei com um lindo papel de presentes com motivo de rosas para transformá-lo no meu "diário"... ! Obviamente à época eu não tinha condições de comprar um diário! Isso não foi impeditivo para ter um, assim como não o é hoje, encontrar soluções criativas para as coisas já fazia parte da minha natureza....
Ele foi escrito em 1976,  tem algumas páginas lacradas (com durex é claro) já que era improvisado o diário, não tinha chavinhas, cadeadinhos ou algo que os valesse.... e acreditem desde que  lacrei, nunca...nunca mesmo, até hoje as tinha aberto ou lido! Ficou bem guardado desde então, sem jamais ter sido mexido e... hoje, veio a vontade, a necessidade e a coragem de me colocar frente a frente com aquela menina que já naqueles tempos tinha coragem de escrever o que sentia...
Tirar as tirinhas do durex  envelhecido e quase sem cola que lacravam as páginas amareladas foi um ato de coragem...  
Acreditem... eu estava sem coragem de mirar aquele espelho, deu frio na barriga, acelerou o coração! Estava com "medo" de enfrentar aquela menina, aquela parte da bela história que compõe as minhas circunstâncias e a mulher que me transformei... estava sim! Explorar aquele universo, reviver aquela história está sendo algo surpreendente... que história era aquela??? Escrita por uma quase meninha, quase mulher em 1976?  Comecei então a me re-conhecer!
A história começou assim:
"Resolvi hoje, escrever o meu diário".
Meu nome é fulana de tal tenho x anos, sou estudante, cabelos e olhos castanhos, 1,60m ( cresci mais um pouco depois daquilo) e atualmente estou usando cabelos curtos.
Tenho um traço característico que é uma mecha de cabelos bem loiros naturais justamente onde reparto o cabelo, fica à mostra e minhas amigas dizem que é o meu "charme".
Bom agora que as apresentações estão feitas vou lhe dizer porque resolvi escrever. Acontece que gostaria de anotar aqui todas as passagens que marcarem a minha vida de hoje em diante, e esta foi a melhor maneira que encontrei.
Dizer-lhe por exemplo que estou amando, isto não é novidade para uma garota da minha idade, diria você, mas acontece que este amor que sinto é muito intenso e muito diferente do que tenho sentido em toda a minha vida ( rsss... como se eu fosse muito experiente no assunto AMOR naquela época... mas inconscientemente talvez soubesse o que estava por vir, muitos, muitos, muitos, mas muitos mesmo... anos depois).
Eu gostaria muito que este amor fosse correspondido, se isso acontecer talvez seja uma coisa muito duradoura.
Sabe quando começo escrever, não paro mais, mas acho que vou parar por aqui senão não sobrarão páginas para os acontecimentos marcantes da minha vida. Ah! Qualquer dia desses  se tudo correr bem eu lhe apresento o meu amor....

Ahh... sobraram muitas páginas.... Parece que a história de AMOR da menininha, parou por ali!!! Pelo visto, tudo não correu bem e ai, ela não contou o nome desse amor e tão pouco registrou outros acontecimentos marcantes da sua vida por ali... apenas registrou fatos corriqueiros da adolescência, carnavais, festinhas e outras coisas irrelevantes! E, seguiu, até descobrir muitos, muitos anos depois que ainda tinha adormecido dentro de si aquele sentir e  - nem que apenas para si mesma e para desabafar seus sentires - o dom de registrá-los  em verso e prosa em um meio qualquer. E  ainda hoje segue a história e o diário de uma vida!
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Cap. II - DIÁRIO DE UMA VIDA - Outuno 1976.

Logo em seguida, em um abril de 1976, não ficou registrado no diário encapado com papel de embrulho cheio de lindas rosas o que aconteceu, pode-se no entanto perceber que alguns sonhos ruiram... pois se apresentavam assim, no diário daquela vida os sentires da menina! Tentando achar o caminho, sem imaginar seu longo caminhar!
E se assim ... o que a levou a fazer escolhas tão drásticas, ainda tão nova????

Caminho... e sinto-me incapaz de sorrir ou falar ao mundo, de sentir e viver esta vida tão cheia de beleza.
Sigo caminhando e a cada passo que dou sinto mais e mais a tristeza invadir a minha alma.
As folhas caem sobre meus pés, as árvores se tornam nuas e eu me sinto como uma árvore sem as folhas que a ajudam a viver!
Eu sem você, sinto que jamais viverei de verdade, pois, de que me adianta viver com o coração povoado de tristeza?
Viver sofrendo por não poder olhar nos teus olhos e transmitir todo amor que sinto?
À minha volta o silêncio.
Pensei em você, mas sei que você é um sonho e preciso acordar, preciso olhar a realidade que meu coração não quer, mas precisa aceitar!
A realidade é fria e sombria, como as trevas das noites frias. A realidade de você não me amar.
Vivo a pensar em você, como se estivesse diante dos meus olhos, como se você me amasse pelo menos metade do que te amo.
Rogo a DEUS que guie os seus passos e te proteja nas suas horas difíceis!
Cássia 1976.


Bem simplório, simples assim... mas os sentires são profundos... e, qualquer semelhança com os de hoje... não é mera coincidência!

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Cap. III - E ASSIM...SEGUIU A HISTÓRIA!

Final de outono (maio de 1976) inicio de inverno, as folhas secas estavam caídas pelo chão  - relatava a menina em seu último escrito, esse certamente copiado de algum folheto, de autor desconhecido, pelo menos para ela,  naquele que supostamente registraria os acontecimentos marcantes de sua vidinha interiorana -  as folhas secas estavam caídas pelo chão, um vento repentino veio e as fez rodopiar e certamente rodopiou com os sonhos da menina e com as folhas do tal diário que ela então fechou a sete chaves (ou durex) deixando-o guardado até hoje.
Rodopiando como se fossem a última ciranda daquele outono que já se ia. Eu também estava assim, caída (dizia ela) quando algumas idéias rodopiavam em mim.
Assumindo a responsabilidade de SER GENTE, levantei e entrei na ciranda do cotidiano. Rodopiando com passos firmes e largos, braços abertos, consegui SORRIR entre violências e injustiças.
Olhei as estações da minha vida, e tive certeza de que não mais existiria FIM! (18/05/1976)

Olho ainda hoje as estações da minha vida... primavera, verão, outono, inverno... e continuam as certezas que tinha a menininha... Mas, acho que foi ai que ela lacrou seu coração... foi naquele momento que a menina começou a cultivar a "mulher que me transformei", acho que aquele foi o primeiro e longo recolhimento de muitos que viriam, inclusive esse em que agora nos encontramos... acho ainda que isso explica muita coisa! ACHO...
Talvez devesse ter aberto esse diário antes, mas... tudo na vida tem o tempo certo e de repente, hoje é esse tempo!

E assim, seguiu a história, que virou outra história e muitas outras histórias da mesma história!

Diário de uma vida - Outono de 1976

Logo em seguida, em um abril de 1976, não ficou registrado no diário encapado com papel de embrulho cheio de lindas rosas o que aconteceu, pode-se no entanto perceber que alguns sonhos ruiram... pois se apresentavam assim, no diário daquela vida os sentires da menina! Tentando achar o caminho, sem imaginar seu longo caminhar!
E se assim ... o que a levou a fazer o que fez????

Caminho... e sinto-me incapaz de sorrir ou falar ao mundo, de sentir e viver esta vida tão cheia de beleza.
Sigo caminhando e a cada passo que dou sinto mais e mais a tristeza invadir a minha alma.
As folhas caem sobre meus pés, as árvores se tornam nuas e eu me sinto como uma árvore sem as folhas que a ajudam a viver!
Eu sem você, sinto que jamais viverei de verdade, pois, de que me adianta viver com o coração povoado de tristeza?
Viver sofrendo por não poder olhar nos teus olhos e transmitir todo amor que sinto?
À minha volta o silêncio.
Pensei em você, mas sei que você é um sonho e preciso acordar, preciso olhar a realidade que meu coração não quer, mas precisa aceitar!
A realidade é fria e sombria, como as trevas das noites frias. A realidade de você não me amar.
Vivo a pensar em você, como se estivesse diante dos meus olhos, como se você me amasse pelo menos metade do que te amo.
Rogo a DEUS que guie os seus passos e te proteja nas suas horas difíceis!
Cássia 1976.


Bem simplório, simples assim... mas os sentires são profundos... e, qualquer semelhança com os de hoje... não é mera coincidência!

Diário de uma vida

Já faz algum tempo que ando querendo explorar um diário que comecei a escrever quando era menina. Muito menina mesmo.
Hoje, resolvi sacá-lo do meu baú de memórias, e ao fazer isso, acariciei aquilo que na época chamei de diário e voltei aos tempos de menina... O tal diário, na verdade não é um diário de verdade... é algo parecido com um livro caixa(um diário contábil), que ganhei de alguma tia e que encapei com um lindo papel de presentes com motivo de rosas para transformá-lo no meu "diário"... ! Obviamente à época eu não tinha condições de comprar um diário! Isso não foi impeditivo para ter um, assim como não o é hoje, encontrar soluções criativas para as coisas já fazia parte da minha natureza....
Ele foi escrito em 1976,  tem algumas páginas lacradas (com durex é claro) já que era improvisado o diário, não tinha chavinhas, cadeadinhos ou algo que os valesse.... e acreditem desde que  lacrei, nunca...nunca mesmo, até hoje as tinha aberto ou lido! Ficou bem guardado desde então, sem jamais ter sido mexido e... hoje, veio a vontade, a necessidade e a coragem de me colocar frente a frente com aquela menina que já naqueles tempos tinha coragem de escrever o que sentia...
Tirar as tirinhas do durex  envelhecido e quase sem cola que lacravam as páginas amareladas foi um ato de coragem...  
Acreditem... eu estava sem coragem de mirar aquele espelho, deu frio na barriga, acelerou o coração! Estava com "medo" de enfrentar aquela menina, aquela parte da bela história que compõe as minhas circunstâncias e a mulher que me transformei... estava sim! Explorar aquele universo, reviver aquela história está sendo algo surpreendente... que história era aquela??? Escrita por uma quase meninha, quase mulher em 1976?  Comecei então a me re-conhecer!
A história começou assim:
"Resolvi hoje, escrever o meu diário".
Meu nome é fulana de tal tenho x anos, sou estudante, cabelos e olhos castanhos, 1,60m ( cresci mais um pouco depois disso) e atualmente estou usando cabelos curtos.
Tenho um traço característico que é uma mecha de cabelos bem loiros justamente onde reparto o cabelo, fica à mostra e minhas amigas dizem que é o meu "charme".
Bom agora que as apresentações estão feitas vou lhe dizer porque resolvi escrever. Acontece que gostaria de anotar aqui todas as passagens que marcarem a minha vida de hoje em diante, e esta foi a melhor maneira que encontrei.
Dizer-lhe por exemplo que estou amando, isto não é novidade para uma garota da minha idade, diria você, mas acontece que este amor que sinto é muito intenso e muito diferente do que tenho sentido em toda a minha vida ( rsss... como se eu fosse muito experiente no assunto AMOR naquela época... mas inconscientemente talvez soubesse o que estava por vir, muitos, muitos, muitos, mas muitos mesmo... anos depois).
Eu gostaria muito que este amor fosse correspondido, se isso acontecer talvez seja uma coisa muito duradoura.
Sabe quando começo escrever, não paro mais, mas acho que vou parar por aqui senão não sobrarão páginas para os acontecimentos marcantes da minha vida. Ah! Qualquer dia desses  se tudo correr bem eu lhe apresento o meu amor....

Ahh... sobraram muitas páginas.... Parece que a história de AMOR da menininha, parou por ai!!! Pelo visto, tudo não correu bem e ai, ela não contou o nome desse amor e tão pouco registrou outros acontecimentos marcantes da sua vida por ali... apenas registrou fatos corriqueiros da adolescência, carnavais, festinhas e outras coisas irrelevantes! E, seguiu, até descobrir muitos, muitos anos depois que ainda tinha adormecido dentro de si aquele sentir e  - nem que apenas para si mesma e para desabafar seus sentires - o dom de registrá-los  em verso e prosa em um meio qualquer. E  ainda hoje segue a história e o diário de uma vida!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A pele que habito!

A pele que habito pode até não estar lá aquelas coisas..., sou eu quem a habito e só eu posso falar. Que ela está em carne viva lá isso é verdade. Mas da minha segunda pele, dessa com certeza não há o que falar, exceto aceitar os elogios daqueles que valorizam a segunda pele! E, claro, sempre há aqueles que sabem e se permitem reconhecer uma segunda pele elegante e ainda, elogios são sempre muito bem vindos, principalmente quando a pele original está queimando em carne viva.

Eu na entrega do PSPE - 28/03/2012
Foto de Edmar Wellingtons



E assim vamos sobre-vivendo! Vivendo na segunda pele... aquela que está sobre a pele que habito.

domingo, 1 de abril de 2012

Aguas de Março...



Assim, entremeado de dias que começam  abafados e ensolarados  e terminam com fortes chuvas, que vão arrastando tudo o que encontram pelo caminho, pau, pedra, resto de toco, com cacos de vidro rasgando a pele, cortando a alma, devastando a vida e causando desolação, tristeza e dor foi o mês de março com suas águas fechando o verão.... e trazendo o outono que começou oficialmente no dia 20/03/2012, terça feira. às 2h14min... horário que meu coração também sentiu bruscamente o impacto da mudança de estação....!

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
(TOM JOBIM)
Hoje, primeiro de abril de dois mil e doze, amanheceu um dia lindo, claro iluminado, tão lindo que não havia a minima chance de ficar em casa... mesmo que não quisesse, teria de sair para fazer minha habitual caminhada. Mesmo pensando se é realmente o fim desse caminho, precisei caminhar,  iluminar a alma, deixar-me banhar pelos raios de sol das manhãs tenras de abril, que ora se inicia, trazendo o prenúncio do outono que tem caracteristicas peculiares no coração do Brasil.
Outono, a estação que antecede o inverno, é a estação das mudanças, temperaturas amenas, dias lânguidos e noites longas.... recolhimentos. É um muito sozinho.
A poderosa Mãe TERRA dando mais um giro  no seu eixo orbital, deslocando-se em torno do Astro REI, anuncia mais um tempo... ao tempo em que anuncia também o outono do meu interior,  mais uma fase de recolhimento com temperaturas não tão amenas... mas com uma profunda paz interior.
Os raios do sol que absorvi me fizeram bem... me sinto aquecida e repleta de LUZ. Me sinto também pronta para espalhar luminosidade, perdão e profunda gratidão pelo quão lindo é o AMOR que me permito sentir,  ciente de que as ALMAS precisam de tempo para aprender as lições até regressar ao seu estado iluminado, à casa a qual pertencem.

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no nosso coração
.

Um brinde ao outono, com  a queda das flores, a troca de folhas, mudança de cores... seus nuances, aos AMORES!
Um brinde à VIDA QUE .. é sagrada, irrepetível, cheia de sentido e da presença da plenitude". (Vera Faria Leal)

 


TIM TIM !