terça-feira, 19 de maio de 2020

OBSERVATÓRIO


De repente, estou aqui, curtindo minha quarentena e ouço ao longe o ronco de um avião cortando os céus! Estou em um lugar que é rota deles... apesar de esses dias, os vôos terem diminuído bastante, ainda os ouço de quando em vez! Senti, lá no fundinho da minha alma inquieta uma saudades de ver o mundo do alto, uma vontade de voar, de sair um pouco do casulo! Afinal, são mais de sessenta dias incubada, e, só Deus sabe até quando vai isso. Essas saudade e outras coisas me levaram a viajar em pensamento!E, não sei bem por que cargas d´água - dizem que nada acontece por acaso - meu pensamento viaja para um dia qualquer, quando , estava eu na sala de espera do Aeroporto de Congonhas, esperando meu voo, e, como não poderia deixar de ser, observadora que sou, observando o vai e vem das pessoas. Observar pessoas e seus comportamentos é uma das coisas que gosto de fazer, principalmente quando estou nesses lugares - geralmente, esperando! Essa espera me dá a oportunidade de "n" aprendizados. Mas, voltando ao pensamento que - consciente ou inconscientemente - viajou para aquele dia, lá na sala de espera, me recordei nitidamente da cena que vi. Sentada em um dos bancos que ficava à direita de onde eu me sentava, observei uma bela moça, bem arrumada, elegante e discreta que, a meu ver também estava a observar. Me chamou a atenção, sei jeito de revirar os olhos, e, foi então que percebi que ela também observava - não o movimento - mas, sim, estava a olhar para um também bonito e elegante rapaz que estava sentado no lado oposto, bem à sua frente.Fiquei algum tempo mergulhada naquela cena e nos movimentos de olhos de ambos. O rapaz, por sua vez - percebi - meio de canto de olhos em principio, e, depois mais atrevidamente, também a olhava. Permaneci discretamente atenta à essa cena por um bom tempo, e assim, também permaneceram os dois - um olhava para o outro, o outro olhava para o um, olhares se encontravam, enquanto a voz daquela moça de aeroporto anunciava:
Companhia tal, voo tal, com destino a tal lugar - embarque imediato pelo Portão 4!
E, por ai, seguiam as coisas, as falas, os olhares... a moça falava e a troca de olhares continuava, e, nada acontecia.
Até que, de repente, em um determinado momento, a voz gutural da moça do aeroporto anuncia solenemente:
Atenção Srs. passageiros da Companhia A, voo nª 000, com destino a qualquer lugar que não me lembro - seu embarque será imediato pelo Portão X!
A moça bonita se levanta, pega lentamente suas bagagens de mão... lança um último olhar para o moço - e - se vai!
End!
E, eu, no observatório.

E, o aeroporto, assim - vazio.




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