sábado, 11 de agosto de 2012

Amor é que nem asa!

Em tempo real, on time, nesse exato momento (23h45min do dia 10/08/2012), acabo de chegar em casa após um árduo dia de trabalho, com jornada tripla. Enquanto aguardo pacientemente “milady” lavar a roupa, fico atenta a todas as etapas molho curto, molho longo, lavar, duplo enxague e centrifugar, ligo a TV e o netbook , olho a novela e vou conferir as notícias do dia, tudo ao mesmo tempo….
Ligo a  TV no exato momento em que Juliana Paes, dando vida e voz à lendária Grabriela (Cravo e Canela) de Jorge Amado, descobre que Nacib (Humberto Martins) foi comemorar a despedida de solteiro no Bataclã e se deitou com uma quenga.
Gabriela, ouve tudo atenta e com toda a sua generosidade inocente olha para Nacib com aquele olhar de nem sei o quê ( boazinha talvez?) e diz:
-- Eu já sabia… e Nacib pergunta:
-- E você não vai dizer nada? Ao que Gabriela responde:
-- Amor é que nem asa, amor é para voar! E eu lhe tenho amor e quero que você voe comigo, Moço Bonito.
Seu Nacib, o moço bonito, fica todo constrangido e desentendido de tão grande desprendimento, aceitação e da forma simples que a moça tem de encarar tais coisas. Se eu te amo, não importa o que você faça à noite, farei coisas melhores com você durante o dia Sr. Nacib, simples assim. Pelo menos naquele tempo para Grabriela.
Bom… cada um é cada um, né Gabriela cravo e canela? E você consegue, na sua simplicidade de ser, sustentar sua leveza.
Para alguns ou para a maioria creio eu, no entanto, a leveza de SER é insustentável.  Assim o foi para o casal Tomas e Tereza  protagonistas do romance “A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera. Eles não conseguiram transitar pelo romance com tanta leveza.
Ainda assim lá o autor diz em outras palavras a fala simples de Gabriela “ […] deitar-se com uma mulher e dormir com uma mulher, eis duas paixões não apenas diferentes, mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma quantidade inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (e, esse desejo diz respeito a uma só mulher)”.
Acho que Milan Kundera, considerando a data em que foram escritos os romances, andou lendo Jorge Amado.
E me parece que o desejo de Nacib com relação à Gabriela é o do “sono compartilhado”.  Ponto para ele.
O meu desejo, antes de o sonho voltar a adormecer, também era esse, descobri há pouco tempo.
Trocando em miúdos, moço bonito, habitante dos meus sonhos, menino dos meus olhos… portador de cantinhos de boca queridos e de olhos cor de esmeralda salpicada de rubis… acho que é tudo a mesma coisa na leveza sustentável do ser, mas bem diferente na sua insustentabilidade… afinal, deitar é diferente de dormir.
Deita-se só, dorme-se compartilhado.
On time, meu tempo expirou, milady me solicita para estender a roupa e depois dormir só e sonhar compartilhado…
-- Amor é que nem asa, amor é para voar, meu pensamento tem asas e voa sempre que quer. E… tranquilamente sustento, hoje, a leveza do meu sentir e do meu SER!




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