domingo, 22 de julho de 2012

Tolerância Zero!

Hoje, ou melhor, ontem (sábado) ao acordar, olhei para o relógio do celular ele marcava 7h47min, virei para o lado e pensei... acho posso enrolar mais um pouco na cama! Pensei ainda...levantar cedo em pleno sábado, e com esse friozão.. que m....! Enfim, paz parte... afinal hoje findam os  poucos dias que pude viver como popstar em família! 
Continuo rolando e enrolando na cama até que minha mãe, preocupada com o horário entra no quarto e me diz carinhosamente, sem querer me apressar mas sabendo que hora se adianta, que o tempo não pára e o ônibus não espera ninguém:
__ Filha, são 8h30min...ainda está cedo???? ao que repondo prontamente:
__ Nãooo... já passa da hora, já estou levantando. Ato contínuo...levanto lentamente, bocejo, me espreguiço... quero voltar... não posso! A passos lentos, ainda meio sonolenta, atravesso os quatro ou cinco passos que me separam do banheiro da minha bela suíte, ligo a ducha  e mergulho em um banho bem quente!
Deixo a água escorrer pelo corpo, batendo fortemente nas costas, aquecendo meus ossinhos que congelaram durante o percurso. Aos poucos vou despertando, vou tomando conscência de mim e do dia que terei pela frente!
Desvio um pouco a atenção do dia, deixando a cabeça divagar para outras tantas coisas... de repente os pensares vão longe, para o amor, e eu seguro.. não, não não, neste caminho agora não, não mesmo!!!!
Direciono os pensares para outras veredas... Vamos pensar na casa??? Sim...sim... penso na minha bela casa, penso nos meus delírios que viraram sonhos e agora são planos de fazer um upstair room sobre o meu escritório, que também está ficando lindinho e que para minha grande surpresa e alegria foi aceito pela comunidade familiar sem reservas, surgiram milhares de idéias, sobre como será a escada etc..etc... Fiquei feliz com isso.
Nesta linha, sigo divagando, prolongando o banho e pensando...  o upstair room vai ficar legal, nele poderei fazer uma das coisas que mais gosto... olhar para o horizonte, lonnnnnnngeeeeeeee até aonde a vista pode alcançar e contemplar o céu... o infinito.
E continuo enrolando, até perceber que estou tentando prorrogar algo que não dá para prorrogar. As passagens estão compradas preciso voltar. Meus poucos dias de descanso...flutuando entre a caixa do vazio e o jardim secreto acabaram.
Ao entendo isso, tomo consciência do está acontecendo comigo. Claro, estou fragmentada, fracionada, enquanto uma parte de mim conjetura remotamente em ficar, a outra sabe que tem que ir e outra ainda deseja imensamente ir para outro lugar!
Com essas coisas passeando pelo "jardim secreto" dos pensares, levo mais tempo do que o habitual na toillete matinal espalhando pelo corpo os óleos, cremes, perfumes, filtro solar, maquiagem e outro tanto de tempo me vestindo. Mais um tempo além do previsto no café da manhã, enquanto repassamos as rotinas para o que terá de ser feito na minha ausência e ainda na organização do que preciso levar para a longa viagem. E...pronto! Estou atrasada! Preciso acelerar...
__ As malas estão prontas digo para o meu irmão, pode colocar no carro.
Ele pergunta : Onde elas estão?
E eu.. No meu quarto... onde mais poderiam estar?
Ele então me diz, sentido: __ Nossa, precisa responder assim?
Choquei!!!!!!! Me calo e penso putzzz.............. fui ríspida com ele. Precisava? Claro que não. Mesmo consciente disso, não exercito a humildade, não me desculpo e penso... hoje a coisa está braba.
Descubro que o nível de tolerância está abaixo do limite do suportável, acho que caiu vertiginosamente para números quase próximos a negativos, como cai de repente  a temperatura no sul.
E a coisa segue por ai... Despeço de todos, entro no carro com meu pai que vai me levar na rodoviária e lá vamos (eu) para o primeiro round . Chegamos a tempo... o ônibus chega em seguida e ai começa outra saga ...Ao colocar a mala no bagageiro do ônibus, observo que em nenhum momento o guardador de malas nos olha, finge que nem existimos e joga minhas malas de qualquer jeito. Me irrito, comento a atitude com meu pai, que me fala algumas palavras de conforto. Não me convence, mas enfim, vamos tocando o barco ou melhor, o ônibus.
Chego ao meu primeiro destino, desembarco e vou à espera (uma hora) me sento nos bancos de cimento frios da rodoviária e fico impacientemente aguardando as horas passarem, para em seguida encarar mais 12 horas de viagem. A impaciência aumenta quando o ônibus chega e vou para a fila enorme que se forma para embarcar as bagagens de novo. A tal da fila não anda, minha tolerância começa a ficar cada vez menor, começo a bater os pés no chão, os dedos tamborilam nervosamente sobre as malas e a fila continua parada. Parece que o cara não está nada interessado em agilizar o processo, ao tempo em que um outro cara que acho que era o fiscal de alguma coisa começou a assobiar, imitar algum pássaro de forma tão estridente e irritante que cheguei ao limite da tolerância. Estava a ponto de dar um chilique, quase gritei ... pode parar por favor???? Nessa hora, deu um click na minha cabeça.. e percebi que o problema era meu e não deles. Eu estava irritada e não eles e teria que exercitar minha paz&ciência ao longo da viagem que também seria longa. Muito longa.!!!
Percebi que o motorista também estava incomodado com o fluxo lento da fila para guardar as bagagnens. Olhei ele e para o crachá, gosto de conversar com os motoristas e sentir um pouco quem é esse individuo que está conduzindo 46 vidas... Paulo era o nome dele.
Paulo estava realmente incomodado com a lentidão e  naquelas alturas do campeonato foi ajudar o guardador de malas e a coisa fluiu. A fila andou rapidinho, ele foi polivalente, já que voltou logo em seguida para recolher as passagens e conferir os documentos.
Gostei da atitude do motorista...Pensei, esse cara é dos meus e não me enganei. Constatei isso quanto lá pelas tantas, em uma das infinitas paradas ... PARA A NOSSA ALEGRIA... o ônibus deu pane no sistema(rssss) elétrico eu acho. Parou, pifou...não andou!
Paulo abriu a portinhola de vidro da cabine que separa o motorista dos passageiros e nos informou que estávamos com problemas e que teríamos de ficar por ali na rodoviária até chegar outro carro... Tempo de espera aproximadamente 2h!!!  Ai..ai...ai. É hoje pensei!!!!
Como era de se esperar, o povo começou a reclamar e eu fiquei feliz por já ter transformado a tolerância que no inicio do dia estava abaixo de zero em atitude 100% zen.
Fiquei tranqüila e procurei amenizar a situação com as pessoas que estavam tentando culpar o motorista. O coitado não tem culpa.
Conversei com o pessoal, disse que imprevistos dessa natureza acontecem, que o motorista não tinha culpa... ainda bem que estávamos na rodoviária, pior seria na estrada etc...etc...
Enquanto isso, observei que Paulo futricava para lá e para cá. Outro motorista teria ido para a lanchonete tomar café e comer pão de queijo enquanto aguardava a chegada de outro carro dali a duas horas, pensando, provavelmente que o problema não era dele ( e não era mesmo) e deixando-nos ao DEUS dará.
Paulo não... Ele não entregou os pontos e nem se deu por vencido. Ele estava totalmente comprometido com a carga que levava. E percebi que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para resolver o problema que era na parte elétrica do ônibus. E fez!
Ele virou, mexeu, ligou para alguém que me pareceu ser o eletricista da empresa, seguiu algumas orientações e não é que o danado conseguiu em 40 minutos resolver o problema?
Embarca todo mundo... e seguimos viagem.
E vocês acham que ficou por ai??? Não, não não.
Depois de outras tantas paradas, de gente fazendo barraco e aquele conversê de gente dizendo que “hoje não é o meu dia”... e eu quietinha, deixando o pensamento viajar, já que o problema da tolerância estava resolvido, lá pelas tantas horas da noite, quase chegando... ouve-se um estouro! Um barulho assustador, todo mundo alvoroça, o ônibus começa rabear feito pipa no ar perdida em dia de ventania e mais uma vez admiro Paulo que segurou o bicho pelo chifre, levou para o acostamento, parou e daí nós já sabíamos! Um pneu estourado!
Bom... após nos passar as informações sobre o acontecido...Agora foi pior, na estrada, de noite... Paulo não se deu por vencido! Desceu e ouvi mexer nas ferramentas. Pensei : Não acredito que ele vai trocar o pneu desse monstro. E ele foi...
Ainda bem que estávamos a uns cinquenta metros de um posto de gasolina, alguém foi ver se tinha um borracheiro, os homens desceram para ajudar Paulo que ficou na labuta com o pneu...
E lá vou eu de novo acalmar o povo, que nessas alturas já tinha percebido que não havia nada a fazer a não ser esperar trocar o pneu e também que isso era outra fatalidade, ninguém quer e nem espera que essas coisas aconteçam ...mas acontecem e aconteceu conosco....
Nesse ínterim chegou outro ônibus, parou na nossa frente, o motorista (também gente boa, ainda bem.... por que tem uns que vou te contar viu!) entrou e perguntou:
__ Tem alguém com criança pequena??? Se tiver, pode vir para o meu carro, pois tenho vagas.
Silêncio sepulcral, ninguém se manifestou. Daí eu disse: Seria melhor se a gente soubesse quantas poltronas livres tem o carro.
Ele foi contar. Voltou dizendo: Tenho quinze.
Eu:__ Então vamos priorizar os idosos, a senhora que está com o pé machucado e as demais vagas o Sr. distribui democraticamente pelos primeiros que manifestaram interesse, sendo uma para mim (hehehe é óbvio né?).
Ele concordou e assim fizemos. Com isso consegui chegar em casa com apenas  duas horas de atraso e mais uma aventura na bagagem.
Quanto ao Paulo – Não sei se ele conseguiu trocar o pneu do ônibus... não sei quanto tempo demorou para chegar... Mas de minha parte sei que agradeci a ele o cuidado, parabenizei-o pelo comprometimento e desejei que a viagem finalizasse da melhor forma possível. 
Quanto a mim agradeço a DEUS por ter chegado em casa sã e salva, sem maiores problemas e principalmente, agradeço por ter conseguido perceber que a intolerância não leva a nada, por ter me permitido manter a paz&ciência no momento certo e pelo APRENDIZADO!
Não existe boa sorte nem má sorte... as coisas são como são!

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