sexta-feira, 13 de abril de 2012

E assim... seguiu a história!

Cap. I - DIÁRIO DE UMA VIDA

Já faz algum tempo que ando querendo explorar um diário que comecei a escrever quando era menina. Muito menina mesmo.
Hoje, resolvi sacá-lo do meu baú de memórias, e ao fazer isso, acariciei aquilo que na época chamei de diário e voltei aos tempos de menina... O tal diário, na verdade não é um diário de verdade... é algo parecido com um livro caixa(um diário contábil), que ganhei de alguma tia e que encapei com um lindo papel de presentes com motivo de rosas para transformá-lo no meu "diário"... ! Obviamente à época eu não tinha condições de comprar um diário! Isso não foi impeditivo para ter um, assim como não o é hoje, encontrar soluções criativas para as coisas já fazia parte da minha natureza....
Ele foi escrito em 1976,  tem algumas páginas lacradas (com durex é claro) já que era improvisado o diário, não tinha chavinhas, cadeadinhos ou algo que os valesse.... e acreditem desde que  lacrei, nunca...nunca mesmo, até hoje as tinha aberto ou lido! Ficou bem guardado desde então, sem jamais ter sido mexido e... hoje, veio a vontade, a necessidade e a coragem de me colocar frente a frente com aquela menina que já naqueles tempos tinha coragem de escrever o que sentia...
Tirar as tirinhas do durex  envelhecido e quase sem cola que lacravam as páginas amareladas foi um ato de coragem...  
Acreditem... eu estava sem coragem de mirar aquele espelho, deu frio na barriga, acelerou o coração! Estava com "medo" de enfrentar aquela menina, aquela parte da bela história que compõe as minhas circunstâncias e a mulher que me transformei... estava sim! Explorar aquele universo, reviver aquela história está sendo algo surpreendente... que história era aquela??? Escrita por uma quase meninha, quase mulher em 1976?  Comecei então a me re-conhecer!
A história começou assim:
"Resolvi hoje, escrever o meu diário".
Meu nome é fulana de tal tenho x anos, sou estudante, cabelos e olhos castanhos, 1,60m ( cresci mais um pouco depois daquilo) e atualmente estou usando cabelos curtos.
Tenho um traço característico que é uma mecha de cabelos bem loiros naturais justamente onde reparto o cabelo, fica à mostra e minhas amigas dizem que é o meu "charme".
Bom agora que as apresentações estão feitas vou lhe dizer porque resolvi escrever. Acontece que gostaria de anotar aqui todas as passagens que marcarem a minha vida de hoje em diante, e esta foi a melhor maneira que encontrei.
Dizer-lhe por exemplo que estou amando, isto não é novidade para uma garota da minha idade, diria você, mas acontece que este amor que sinto é muito intenso e muito diferente do que tenho sentido em toda a minha vida ( rsss... como se eu fosse muito experiente no assunto AMOR naquela época... mas inconscientemente talvez soubesse o que estava por vir, muitos, muitos, muitos, mas muitos mesmo... anos depois).
Eu gostaria muito que este amor fosse correspondido, se isso acontecer talvez seja uma coisa muito duradoura.
Sabe quando começo escrever, não paro mais, mas acho que vou parar por aqui senão não sobrarão páginas para os acontecimentos marcantes da minha vida. Ah! Qualquer dia desses  se tudo correr bem eu lhe apresento o meu amor....

Ahh... sobraram muitas páginas.... Parece que a história de AMOR da menininha, parou por ali!!! Pelo visto, tudo não correu bem e ai, ela não contou o nome desse amor e tão pouco registrou outros acontecimentos marcantes da sua vida por ali... apenas registrou fatos corriqueiros da adolescência, carnavais, festinhas e outras coisas irrelevantes! E, seguiu, até descobrir muitos, muitos anos depois que ainda tinha adormecido dentro de si aquele sentir e  - nem que apenas para si mesma e para desabafar seus sentires - o dom de registrá-los  em verso e prosa em um meio qualquer. E  ainda hoje segue a história e o diário de uma vida!
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Cap. II - DIÁRIO DE UMA VIDA - Outuno 1976.

Logo em seguida, em um abril de 1976, não ficou registrado no diário encapado com papel de embrulho cheio de lindas rosas o que aconteceu, pode-se no entanto perceber que alguns sonhos ruiram... pois se apresentavam assim, no diário daquela vida os sentires da menina! Tentando achar o caminho, sem imaginar seu longo caminhar!
E se assim ... o que a levou a fazer escolhas tão drásticas, ainda tão nova????

Caminho... e sinto-me incapaz de sorrir ou falar ao mundo, de sentir e viver esta vida tão cheia de beleza.
Sigo caminhando e a cada passo que dou sinto mais e mais a tristeza invadir a minha alma.
As folhas caem sobre meus pés, as árvores se tornam nuas e eu me sinto como uma árvore sem as folhas que a ajudam a viver!
Eu sem você, sinto que jamais viverei de verdade, pois, de que me adianta viver com o coração povoado de tristeza?
Viver sofrendo por não poder olhar nos teus olhos e transmitir todo amor que sinto?
À minha volta o silêncio.
Pensei em você, mas sei que você é um sonho e preciso acordar, preciso olhar a realidade que meu coração não quer, mas precisa aceitar!
A realidade é fria e sombria, como as trevas das noites frias. A realidade de você não me amar.
Vivo a pensar em você, como se estivesse diante dos meus olhos, como se você me amasse pelo menos metade do que te amo.
Rogo a DEUS que guie os seus passos e te proteja nas suas horas difíceis!
Cássia 1976.


Bem simplório, simples assim... mas os sentires são profundos... e, qualquer semelhança com os de hoje... não é mera coincidência!

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Cap. III - E ASSIM...SEGUIU A HISTÓRIA!

Final de outono (maio de 1976) inicio de inverno, as folhas secas estavam caídas pelo chão  - relatava a menina em seu último escrito, esse certamente copiado de algum folheto, de autor desconhecido, pelo menos para ela,  naquele que supostamente registraria os acontecimentos marcantes de sua vidinha interiorana -  as folhas secas estavam caídas pelo chão, um vento repentino veio e as fez rodopiar e certamente rodopiou com os sonhos da menina e com as folhas do tal diário que ela então fechou a sete chaves (ou durex) deixando-o guardado até hoje.
Rodopiando como se fossem a última ciranda daquele outono que já se ia. Eu também estava assim, caída (dizia ela) quando algumas idéias rodopiavam em mim.
Assumindo a responsabilidade de SER GENTE, levantei e entrei na ciranda do cotidiano. Rodopiando com passos firmes e largos, braços abertos, consegui SORRIR entre violências e injustiças.
Olhei as estações da minha vida, e tive certeza de que não mais existiria FIM! (18/05/1976)

Olho ainda hoje as estações da minha vida... primavera, verão, outono, inverno... e continuam as certezas que tinha a menininha... Mas, acho que foi ai que ela lacrou seu coração... foi naquele momento que a menina começou a cultivar a "mulher que me transformei", acho que aquele foi o primeiro e longo recolhimento de muitos que viriam, inclusive esse em que agora nos encontramos... acho ainda que isso explica muita coisa! ACHO...
Talvez devesse ter aberto esse diário antes, mas... tudo na vida tem o tempo certo e de repente, hoje é esse tempo!

E assim, seguiu a história, que virou outra história e muitas outras histórias da mesma história!

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