domingo, 27 de maio de 2012

Le Louvre de Moi

Estava iniciando a quinta série (no  meu tempo 1ª série ginasial) quando tomei contato pela primeira vez com a França,  sua língua e sua história.
Francês foi a primeira língua estrangeira que tive contato... naquele tempo tínhamos francês no primeiro e segundo ano e inglês nos anos seguintes.
O livro, me lembro como se fosse hoje, – e ainda o tenho guardado em algum lugar - era de capa dura azul, bem bonito  e que deve ter pertencido a alguma tia que também estudou no mesmo colégio que eu... afinal, naquele tempo livro didático passava de pai para filho, de tio para sobrinhos e de irmão para irmão. Ah... apareceu também lá em casa um dicionário, esse ainda o tenho em mãos.
Lembro de Monsier le Professeur  Sr. Samuel com o biquinhos e trejeitos ensinando os pupilos:
- Qu´ est c´est?
- C´est une table! C´est une crayon..   ( todo mundo respondia olhando o livro)... c´est une quelque chose.
Depois das lições básicas as coisas foram se complicando. Vieram os diálogos e depois os textos.
O texto que mais me marcou foi uma história interessante (pelo menos para mim naquela época).  La famille Vincent dèbarque au Havre era a história de uma família que estava de férias e desembarcava no porto de Havre para fazer uma visita à Paris.
Estava no programa da “Família Vincent” uma visita ao “Louvre”  e assim como foi aquele o meu primeiro contato com a língua francesa, também foi o meu primeiro contato com o museu do Louvre  que a partir daquele momento passou a despertar meu interesse pelas artes. Curiosa que sou, corri para casa e fui pesquisar sobre o assunto, claro que perguntando à minha enciclopédia ambulante ( o pai)  sobre Le Louvre e sua história.

http://www.louvre.fr/
Foi nessa lição de Francês que aprendi sobre o que era um museu e sua importância para a história, para o mundo e para as pessoas.
Logo em seguida, acho que meu pai entendeu que as crianças começariam a manifestar curiosidades sobre o mundo que ele certamente com seus conhecimentos vastos poderia suprir, mas não ilustrar , então decidiu assumir o sacrifício de adquirir uma enciclopédia – O TRÓPICO - que foi a nossa grande paixão e diversão por longo tempo e que apesar de desgastada de tanto uso passou de pai para filho, para netos e nem sei hoje onde se encontra.  Só sei que ilustrou minha vida e saciou nossa curiosidade de saber coisas do mundo, do passado, da vida e me preparou para ser muito do que sou hoje!
Foi assim que me aprofundei no Louvre e sua história, passeei pelas galerias cheias de artes e maravilhas, antiguidades egípcias e do oriente próximo, arte grega, romana, etrusca, contemporânea, pinturas, gravuras, esculturas, etc...etc..etc..
Lá conheci Da Vinci e a Mona Lisa, Michelangelo, Leonardo, Donatello, Renoir, Rembrant, Dante e o seu inferno e outros tantos e descobri a importância da história em nossa vida. Por isso hoje quando ouço alguém dizendo que quem vive de passado é museu, digo: -- Sim, você está certo  e dou graças à Deus por termos os museus que preservam nossa história.
Se história não fosse importante a Biblia não seria o livro mais lido do mundo; não saberiamos como foi descoberto o Brasil;  não dariamos importância às palavras maravilhosas ditas por um dos melhores seres que passou por este mundo registradas nos Evangelhos ou ainda, não teriamos comissões zelando pela proibição de armas nuclerares.
Digo ainda, que  se historia não tivesse importância, não a teríamos registrada e tão visitada. 
Se história não fosse importante, não saberiamos sequer os nomes de nossos antepassados, não nos importariamos com nossas origens e história, não carregariamos com orgulho nossos sobrenomes.
Em nome dessa beleza e da beleza da vida, hoje, me permito com muita tranqüilidade visitar as galerias que transcendem e compõe o Louvre de mim e me sinto feliz por ter belas histórias. Visito as galerias de história antiga, moderna, contemporânea, iluminismo, modernismo... e vejo quanta coisa bonita vivi. Passeio pela galeria da família e sei que ela ( a família) sempre estará ali, pois representa a escolha que fazemos ainda antes de nascer, de embarcar no trem e com ela seguiremos por todas as estações da vida. Passo pela galeria dos parentes, dos amigos, dos colegas, dos passantes e pela maravilhosa galeria dos amores... todas as memórias bonitas estão ali nessas galerias, bem armazenadas. Vejo a Sagrada Família, as Mona Lisas e Pietá´s, Venus de Milo e os Infernos de Dante... passei por tudo. Tenho orgulho de cada galeria... de cada memória.
Então, quando um dia desses, disse a uma pessoa que me lembrava de cada momento que passei com ela e recebi como resposta que deveria esquecer aqueles momentos, fiquei chocada!
--- Como assim? Então não posso guardar no meu Louvre as coisas boas que vivi com você??? Os momentos que você me chamou, as palavras doces que me disse, os carinhos??? Não posso?  Lamento, mas não vai dar sabe? Não vai dar mesmo, eu sou assim, manterei minhas memórias nas suas devidas galerias e elas voltarão sempre que quiserem! Cada um é cada um né??? Cada cabeça é um mundo - a minha funciona assim!
Mas... com que então você se pré-ocupa por que ocupo meus pensamentos com você?
De minha parte o que posso dizer é que se  alguém se ocupa comigo lembrando momentos felizes que passamos juntos, fico feliz e emocionada, isso significa que os bons momentos valeram à pena, significa  que ao colocar na balança os tais momentos as coisas boas suplantaram as ruins... significa que alguém além de mim mesma está zelando pelo SER que sou, pela minha luz interior, significa respeito pela história , carinho..significa um montão de coisas. Significa que o passado serve para nos guiarmos no presente e construirmos o futuro.
Avaliando assim ... num relance rápido, passeando rapidamente por todas essas galerias da minha história posso dizer que...
Tudo valeu à pela, tudo vale à pena... cada período, cada arte desenvolvida, cada história cuidadosamente vivida, construida e conservada no “Louvre de Moi”!
Oui.. c´est ma belle vie”!  Vive l´amour!

Foto de Eliel Mendes

Minha vida é uma bela história, toda a história tem arte., toda arte encena a vida!

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